top of page

ELABORAÇÃO DE QUESTÕES DE PROVAS:

COMO ELABORAR PROVAS CONTEXTUALIZADAS?

 

 

Segundo Perrenoud, a avaliação formativa “é toda a avaliação que ajuda o aluno a aprender e a se desenvolver, ou melhor, que participa da regulação das aprendizagens e do desenvolvimento no sentido de um projeto educativo” (PERRENOUD, 1999).

 

Por esse ponto de vista, a prática avaliativa deve ser um processo que associe:

 

  • Estratégias variadas, tais como: TRABALHOS EM GRUPO, ESTUDOS DO MEIO, AUTOAVALIAÇÃO, PESQUISAS, LIÇÕES DE CASA, PROJETOS CULTURAIS.

  • Instrumentos variados, tais como: PROVA ESCRITA (OBJETIVA E/OU DISSERTATIVA), SEMINÁRIOS, RELATÓRIOS, DEBATES, EXPERIMENTOS, JORNAL FALADO, PRODUÇÕES DE TEXTO, PAUTA DE OBSERVAÇÃO.

 

Por uma questão cultural, a prova escrita tornou-se o instrumento dominante de avaliação e muito pouca inovação tem-se agregado a ela. Uma prática avaliativa ancorada apenas em provas escritas deixa de contemplar a gama de habilidades e recursos cognitivos que os alunos poderiam mobilizar se fossem também avaliados por meio de outros instrumentos, como os citados acima.

 

Devido à dominância da prova escrita, apresentamos aqui um roteiro de como elaborar uma prova diferente, mais contextualizada e que favoreça a aprendizagem do seu aluno.

 

 

COMO ELABORAR UMA PROVA

 

Ao se sentar na frente do seu computador e elaborar uma prova, você, professor, deverá responder às seguintes perguntas:

 

1) O QUE ESPERO QUE MEU ALUNO TENHA APRENDIDO?

 

Esse é o primeiro e fundamental ponto a ser especificado com clareza. Normalmente o professor se baseia no conteúdo dado para formular sua prova. Por exemplo: “turma, semana que vem vou dar uma prova sobre astronomia”. Até que ponto está claro para o aluno o que ele tem de aprender, e para o professor o que ele tem de avaliar?

 

Ficaria mais claro para ambas as partes se o professor, em vez de pensar numa “prova sobre astronomia”, pensasse numa prova em que avaliaria o que os alunos aprenderam sobre “as explicações para os movimentos celestes dadas pelos modelos geocêntrico e heliocêntrico”.

 

  

2) QUAL O OBJETIVO DESSA PROVA?

 

Uma vez estabelecido que será avaliado o que os alunos aprenderam sobre a “modelos geocêntrico e heliocêntrico”, o próximo passo é determinar o objetivo da prova. O que, concretamente, os alunos deverão fazer na prova que assegure ao professor que o assunto foi aprendido? Seguindo o nosso exemplo, podemos estipular como objetivos: comparar as teorias geocêntrica e heliocêntrica, identificar as datas relacionadas com o movimento aparente do Sol, relacionar os modelos astronômicos com o pensamento dominante nas diferentes épocas da História.

 

 

3) QUAIS HABILIDADES SERÃO REQUISITADAS DOS ALUNOS NAS QUESTÕES?

 

A partir dos objetivos fica fácil descobrir quais habilidades você deverá exigir dos seus alunos.

No primeiro caso, comparar os modelos astronômicos, a habilidade exigida é COMPARAR.

      No segundo caso, IDENTIFICAR DADOS E INFORMAÇÕES

      No terceiro, ESTABELECER RELAÇÕES.

 

 

4) QUAIS COMPETÊNCIAS SERÃO EXIGIDAS NAS QUESTÕES?

 

No caso das aprendizagens envolvendo astronomia, pode-se dizer que a competência exigida é COMPREENDER OS MOVIMENTOS CELESTES E SUA INFLUÊNCIA NA VIDA HUMANA E NA NATUREZA.

 

 

5) QUE CONTEXTO SERÁ DADO NAS QUESTÕES AOS CONTEÚDOS COBRADOS?

 

Apresente no enunciado da questão um texto de apoio ou de repertório, um artigo científico, jornal ou revista, um diagrama ou esquema que remeta o aluno à questão, aproximando-o do tema abordado.

 

 

6) EXISTEM QUESTÕES INTERDISCIPLINARES?

 

Procure saber se o tema em questão apresenta pontos de contato com outras disciplinas. Por exemplo, os modelos astronômicos estão fortemente ligados aos momentos históricos da Biblioteca de Alexandria e do Renascimento Científico que são temas da disciplina História. 

 

 

7) EXISTEM QUESTÕES COM DIFERENTES NÍVEIS DE DIFICULDADE?

 

É importante dosar a mão nas questões. Quase sempre se trabalha com salas heterogêneas e diferentes níveis de aprendizagem. Por isso uma prova escrita deve ter um certo número de questões de nível fácil, outras de nível médio e algumas de nível mais difícil. Também é importante que esteja assinalado na questão o seu nível de dificuldade.

 

 

8) É EXPLORADA A CAPACIDADE DE LEITURA E ESCRITA DO ALUNO?

 

Se você só utiliza testes nas suas provas não há como avaliar a capacidade do seu aluno escrever. Se não há textos fundamentando as questões também não avalia a leitura e interpretação. Por isso, mescle questões testes e dissertativas, e elabore enunciados que exijam bom domínio de leitura e interpretação de texto.

 

 

9) SÃO EXPLORADAS OUTRAS FORMAS DE INTELIGÊNCIA (PICTÓRICA, ESPACIAL, INTRAPESSOAL)?

 

Quando você utiliza em vez de apenas textos escritos outras formas de textos como tirinhas, charges, imagens de obras de artes, infográficos, poderá explorar a dimensão pictórica da inteligência do seu aluno.

 

 

10) EXPLICITA COM CLAREZA OS CRITÉRIOS DE CORREÇÃO?

 

Ao lado das questões, coloque o valor de cada uma e o seu nível de dificuldade. Se sua prova vale uma nota até 10, por exemplo, procure evitar questões com valor 0,75 ou 1,5. Sempre fica mais claro questões valendo notas redondas. Deixe claros os critérios que serão utilizados na correção das questões, em especial nas questões dissertativas, quando considerar o uso da norma culta da língua  portuguesa, da clareza de idéias, adequação ao tema explorado, etc. Faça isso quantitativamente, para que o aluno possa ter uma idéia do seu desempenho.

 

 

Abaixo apresentamos um quadro para CHECK-IN da sua prova antes de aplicá-las aos alunos e um modelo de prova.

 

 

 

Fonte:

CARLOS A. HARMITTE

Mestre em Educação pela UNES

 

bottom of page